Acabei de ler, há algumas semanas o livro "A sangue frio" de Truman Capote. O livro conta a história da morte dos quatro membros da família Clutter e dos assassinos na cidade de Holcomb, Kansas e ponto, mas se quisermos conhecer seu processo de criação e assim ver os conflitos éticos vividos pelo autor é necessario assistir Capote, o filme de 2006. Em busca das informações desejadas, Capote foi capaz de pagar para ver os assassinos, mas acaba criando afinidade principalmente com Perry Smith, o verdadeiro assassino. Aprendemos desde cedo na faculdade que qualquer relação com fontes pode se tornar perigosa. Nesse caso mais para Perry.
ART 7º O jornalista não pode: expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais;
O autor manipulou seus informantes que aguardavam a execução, dizendo que seriam vistos pela sociedade por uma outra perspectiva, omitindo a verdade sobre a criação do seu best seller. Ele não mediu esforços, a busca pelos detalhes do assassinato se tornou uma obsessão. Truman investiu alto, pagando advogados para que a sentença dos dois fosse adiada, para assim tentar a tão esperada confissão da chacina. Talvez tenha se arrependido ao ver seus "amigos" sendo enforcados. Mas abriu uma grande discussão sobre o trabalho do jornalista e até onde pode-se ir para conseguir o que quer, para conseguir a informação, para ter a melhor reportagem????
Contudo, sem pensar na maneira utilizada pelo autor para escrever o livro é impossível não admirar " A Sangue Frio" , obra que revolucionou o jornalismo literário.